A pugilista
– Óleo s/ tela, 125 cm x 210 cm
Trato a figura humana e o corpo enquanto veículo para pensar a relação com o outro e consigo mesmo. Vejo o retrato enquanto relação de duplicidade e des/confiança com o real, de des/encontro consigo mesmo. Entendo o “feminino” enquanto lugar de gestação, de acontecimento, de questionamento e de permanente mutação. Daniela Reis 2017
“Nem todo o corpo é carne… Não, nem todo
Que dizer do pescoço, às vezes mármore,
às vezes linho, lago, tronco de árvore,
nuvem, ou ave, ao tacto sempre pouco…?
E o ventre, inconsistente como o lodo?…
E o morno gradeamento dos teus braços?
Não, meu amor… Nem todo o corpo é carne:
é também água, terra, vento, fogo…
É sobretudo sombra à despedida;
onda de pedra em cada reencontro;
no parque da memória o fugidio
vulto da Primavera em pleno Outono…
Nem só de carne é feito este presídio,
pois no teu corpo existe o mundo todo! ”
David Mourão-Ferreira, “Presídio”, in “Obra Poética”
Obra “A pugilista“ presente na exposição individual “O Silêncio e a Multidão”, em Lisboa 2021.