É o comer que faz a fome

© Daniela Reis 2022. Todos os direitos reservados.

Esta pintura representa duas mulheres com o típico lenço negro e xaile a leiloarem o peixe. Atrás um céu suave e quente entrecortado pela vela de uma embarcação.

Espólio do Município da Póvoa de Varzim

É o comer que faz a fome

– Óleo sobre tela, 70 cm x 60 cm

Obra vencedora1ª edição do Prémio de Pintura Professor Doutor António Carlos dos Santos, dedicado ao tema Pintar a Póvoa: «Daniela Reis foi a vencedora desta primeira edição, com a obra “É o comer que faz a fome”»

O Prémio é integralmente concedido pelo Projeto Cultural e Científico da Póvoa de Varzim Professor Doutor António Carlos dos Santos, sendo a obra vencedora doada ao espólio do Município da Póvoa de Varzim.


Memória descritiva

Quando era criança passava as férias na Póvoa de Varzim com o meu Pai e Avós. Eu, Lisboeta, considerava o “Norte” uma localização mágica num mapa longínquo de afetos.
Nos nossos passeio a dois, o meu Pai leva-me pelas ruas mais antigas entrando em lojinhas de doces, em drogarias e lojas de brinquedos, sabia os nomes dos lojistas e histórias dos seus filhos, mas o ponto alto da nossa caminhada era a praia, mais especificamente o Mar. A areia arranhava-me e parecia-me demasiado grossa e o mar excessivamente rebelde. Indomável. Ele agarrava a minha mãozinha com emoção e contava-me sobre as pessoas que viviam do mar, de como as suas vidas eram difíceis, desse mar forte e da força maior daquelas famílias que de lá tiravam sustento. Vida. Eu amava aquela areia grossa e aquele mar rebelde que nos unia sempre nas mesmas histórias.
Esta pintura representa duas mulheres com o típico lenço negro e xaile a leiloarem o peixe. Atrás um céu suave e quente entrecortado pela vela de uma embarcação. É uma “quase-memória. – Daniela Reis, Lisboa, Julho de 2022